O termo “Estatística” provém da palavra Estado e foi utilizada originalmente para denominar levantamentos de dados, cuja finalidade era orientar o Estado em suas decisões. A estatística é utilizada desde épocas remotas para determinar o valor dos impostos cobrados dos cidadãos ou para determinar a estratégia de uma nova batalha em guerras que se caracterizavam por uma sucessão de batalhas (era fundamental aos comandantes saber de quantos homens, armas, cavalos, dispunham após a última batalha).
Outro exemplo interessante pode ser encontrado no Império Inca que existiu entre os anos 1000 e 1500 na América do Sul. Cada tribo tinha seu próprio estatístico, chamado Quipucamayoc. Este homem registrava, por exemplo, o número de pessoas, o número de casas, o número de lhamas, o número de casamentos e o número de jovens que podiam ser recrutados para o exército; e todas essas estatísticas eram registradas em um sistema de nós em cordas coloridas, chamada quipu.
Você percebeu o quanto a estatística retrata a sociedade? Órgãos Governamentais são repletos de estatísticas sobre nós. Onde habitamos, o que comemos, quais serviços de transportes usamos, quais serviços de saúde são mais demandados. Praticamente tudo sobre o nosso comportamento na sociedade é mensurado.
Com essa introdução, eu convido você a assistir uma palestra do Alan Smith, editor de visualização de dados no Financial Times em Londres, e ex-chefe de conteúdo digital do Escritório Britânico de Estatísticas Nacionais (ONS). Alan nos convence de forma brilhante como as estatísticas sociais são importantes em um contexto regional. Sua palestra “Por que você deveria amar estatística” deve ser vista e revista várias vezes.
Alan Smith se apaixonou pela estatística após compreender que ela é a ciência que trata de nós mesmos. Segundo ele, “Estatística é a ciência que utiliza dados sobre o estado ou a comunidade em que vivemos. Portanto, as estatísticas são a nossa vida em grupo, e não como pessoas individuais. ”
“A estatística é ainda mais poderosa, quando ela nos surpreende. ”
Alan gosta da afirmação acima porque as pessoas tendem a achar que sabem sobre algumas estatísticas, quando de fato os números apresentados oficialmente são bem diferentes, surpreendendo-as. A diferença entre a nossa percepção (o que achamos) e a realidade dada pelas estatísticas costuma ser bem grande.
Gostei muito do vídeo do Alan porque ele nos faz pensar em estatísticas simples do dia a dia, mas também elevar o raciocínio estatístico para outros cenários, como no ambiente de trabalho. Se eu perguntasse a você: a cada 100 pessoas, quantas da sua empresa você acha que costumam ir de transporte público trabalhar? Ou, na sua vizinhança, a cada 100, quantas pessoas você acredita que possuem mais de 60 anos? Provavelmente você ficaria surpreso com a comparação entre sua resposta e o dado oficial. Esses resultados são muito intrigantes, e Alan apresenta com clareza as várias razões para que isso aconteça.
A comparação entre conhecer estatísticas do seu país e estatísticas da sua região é fantástica, e nos faz pensar o quanto não conhecemos sobre nós mesmos, quando achamos que conhecemos. O questionário criado por Alan Smith e testado pela web em todas as regiões da Inglaterra e País de Gales mostra bem essa realidade.
Se você quiser testar o questionário do Alan, clica no link abaixo. Mas seria mais interessante se morasse ou tivesse morado em alguma região da Inglaterra ou País de Gales.
“How well do you know your area?”
A mensagem que Alan Smith deixa é inspiradora para você que quer aprender mais com a estatística.
“Muitas vezes nos referimos à estatística como a ciência da incerteza. O pensamento que vos deixo é: na verdade, a estatística é a ciência sobre nós. É por isso que nós devemos ficar fascinados pelos números”
Se você gostou da dica de hoje, deixa aqui seu comentário. Se não gostou ou quiser sugerir outro tipo de material, escreve para gente, que lemos tudo.
Abraço e até a próxima!
Fontes
Smith, A. (2016, janeiro). “Why you should love statistics . Consultado em https://www.ted.com/talks/alan_smith_why_we_re_so_bad_at_statistics
Amplie seu conhecimento
Bethlehem, Jelke. “Applied Survey Methods: A Statistical Perspective”. John Wiley & Sons. Edição 1 (1 de julho de 2009). 375p. http://amzn.to/2nXVJBt
Material usado
Imagem da avenida Paulista – São Paulo: http://abr.ai/2mEZagt