Mostre-me os dados

Com que frequência você é bombardeado por estatísticas sem sentido e até mesmo sem fundamentos? Ou se depara com afirmações de algo acontecer, quando você sabe que as chances são mínimas? Sim, eu sei! Você entende de probabilidades.

Mas por um breve momento, reflita e observe quantas pessoas e meios de comunicação tentam diariamente nos enganar usando números? Seria falta de conhecimento ou manipulação de dados para apresentar resultados desejados? A resposta depende do contexto, mas provavelmente você se depara com essas duas situações no cotidiano.

Eu acredito que posso ajudá-lo a desenvolver a habilidade de identificar uma estatística falsa e argumentar contra resultados apresentados. Eu escrevi um post sobre o livro “Como mentir com estatística”. Vale a pena a leitura. A propósito, faz parte da natureza do estatístico questionar sempre que há algo que não faz sentido.

Ok, acho que saí um pouco do foco, mas vamos lá! Com a ideia de que o estatístico precisa ter acesso e analisar os dados, podemos ter uma história diferente das que nos foi apresentada. Então pensando nessa premissa, eu gostaria de recomendar a palestra da Talithia Williams, realizada no TEDxClaremontColleges, em Claremont, Califórnia, intitulada como “Own your body’s data”.

Mostre-me os dados

Talithia Williams estava esperando seu terceiro filho. Com 41 semanas e meia de gestação, os médicos acreditavam que ela estava atrasada e isso poderia gerar complicações no parto. Mas para Talithia, isso não era um atraso, mas sim um intervalo de confiança de 95%.

Para garantir a saúde do seu filho, ela tinha que realizar testes ergométricos no bebê a cada dois dias. Após um teste de rotina, o médico afirmou que o bebê estava sob tensão e seria preciso induzir o parto. Você acha que ela ficou preocupada? Claro que não!

Como Estatística, Talithia pediu ao médico que mostrasse os dados. Após calcular a probabilidade de perder o bebê no período de gestação que estava, ela chegou às suas próprias conclusões:

“Os dados não estão nos convencendo que precisamos induzir o parto. A propósito, as induções de parto elevam os índices de cesáreas e gostaríamos de evitar essa situação”

Com uma história motivadora sobre coletar dados do seu próprio corpo, Talithia percebeu que os dados contavam uma história diferente dos diagnósticos médicos da sua família. Na sua concepção, ela acredita que podemos usar dados corporais para saber muitas coisas: temperatura da mulher durante a gestação, batimentos cardíacos durante o sono, pressão sanguínea em situações de estresse, pesar-se semanalmente. Ok, peguei pesado no “pesar-se semanalmente”.

Mas pense bem! Thalithia faz há alguns anos, o que os wearables fazem e farão ainda melhor com os nossos dados. Coletando e analisando periodicamente dados corporais, seremos capazes de prever doenças, manter históricos de saúde, ajudar médicos a obter melhores diagnósticos e minimizar riscos de doenças.

Conclusão

Assuma a responsabilidade pelos seus dados. Com a quantidade de dispositivos disponíveis no mercado, você pode se tornar especialista em dados sobre o seu corpo, sua saúde, sua alimentação, suas atividades físicas, seu sono.

“Médicos são especialistas na população, mas você é o especialista em você mesmo. Então, quando vocês dois se juntam, quando dois especialistas se juntam, vocês dois são capazes de tomar decisões melhores. Melhores do que um médico sozinho e sem informações importantes”.

Então, qual é a lição que você aprendeu com a história da Talithia?

Recomendo muito que você assista a palestra dela, que além de divertida, mostra uma visão de como devemos encarar as estatísticas que são apresentadas.

Um abraço e até o próximo texto!


Material usado

Imagem de uma mulher sorrindo: https://myscholly.com/theblog/2016/3/8/the-schola