Quem nunca ouviu falar sobre a “média”? Mesmo que você não seja estatístico e também não trabalhe na área, é quase impossível você nunca ter ouvido essa palavra. Ela aparece quase diariamente em qualquer noticiário que se preze. As notícias são variadas, mas praticamente tudo que é medido, é apresentado em termos de média. Quer ver alguns exemplos?
- Chuvas em julho superam média histórica no mês na cidade de SP
- Em média, casar no Brasil custa R$ 40 mil
- Capital registra, em média, 32 mil infrações de motociclista
Se olharmos direito, não precisamos focar apenas no noticiário. A média é usada no nosso cotidiano, mesmo que de forma inconsciente. Até a sua avó usa. Pergunta para ela quanto vai de açúcar naquele bolo, e você pode ser surpreendido se ela responder, por exemplo: coloca em média 300 gramas.
O que falar então dos fãs de churrasco? Eles sabem muito bem usar essa “palavrinha”. Na hora de fazer as contas da quantidade de carne por pessoa, facilmente chegamos nos valores de 300 gramas para homens e 200 gramas para mulheres em média. Mas sempre tem aquele seu amigo que come facilmente 1 kg, e também tem a sua amiga vegetariana.
Mas afinal de contas. Será que a média é o bastante?
De forma bem simples, podemos dizer que a média é um “valorzinho” que pode representar todos os elementos de mesma característica, sem alterar sua essência. Não que isso aconteça 100% das vezes.
Apesar de ser uma das medidas mais utilizadas na estatística, de um modo geral, essa medida deve ser usada com muita cautela.
A média é um parâmetro muito sensível a valores muito grandes ou muito pequenos.
Muitos profissionais acreditam que é uma medida pouco resistente, e em muitos casos, é necessário saber a mediana e a moda: Medidas de Tendência Central muito importantes. Mas isso é assunto para outro post.
Hoje, vamos falar mesmo é da média. De forma simples e pura. Então eu vou dar um exemplo da minha área.
Imagine que você tenha que determinar qual o custo com saúde de pacientes que foram submetidos à uma cirurgia cardíaca, e tiveram que ficar internados. Em média, o paciente fica no pós-operatório durante 5 dias, e gasta um valor médio referente aos dias que esteve no hospital. E é claro, que esse valor varia, entre os hospitais. Até aí tudo bem.
Mas há aqueles casos, em que a cirurgia não foi bem-sucedida. Ou o paciente rejeitou as alterações realizadas no seu coração, a situação se complicou, e ele foi parar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). E então, o paciente acabou gastando R$ 700.000.
Agora imagine, que durante 1 ano, dois eventos de alto custo dessa magnitude aconteceram. O que acontecerá com a média se o valor “normal” da cirurgia é de R$ 10.000 (valor fictício)?
Com essas informações, poderíamos facilmente chegar a um valor de média que não diz nada.
Exemplo: Se um determinado hospital realizou 50 cirurgias cardíacas, e dentre as 50, duas tivessem custado R$ 700.000, a média seria R$ 37.600. Ou seja, esse valor não representaria de forma alguma o valor padrão de uma cirurgia cardíaca. Nesse caso, podemos dizer com todas as letras: “A média não é o bastante”.
Portanto amigos, cuidado com a média. Cautela é a palavra da vez. Não podemos usar a média de qualquer jeito. Ela pode “enganar” você.
Explore seus dados por todos os lados, e não “aposte todas as suas fichas” em um único parâmetro. Afinal de contas,
“Se eu comi 1 frango e você não comeu nenhum, em média, nós comemos ½ frango!”
O que você está esperando? Examine seus dados! Reveja seus trabalhos onde a média foi utilizada para alguma coisa. Se necessário corrija!
Material usado
Imagem da mulher com cara de dúvida: http://bit.ly/2eKam6R
Siga-nos nas redes sociais
Facebook: https://www.facebook.com/oestatistico
Twitter:
Instagram:
Pinterest: