Modelos estatísticos: são formalizações de relacionamentos entre variáveis na forma de equações matemáticas, que podem descrever como uma ou mais variáveis aleatórias estão relacionadas a uma ou mais outras variáveis. Entendeu? É um lance de “relacionamento”!
Por causa dessas relações, conseguimos criar um modelo que pode servir de “guia” para eventos futuros e é utilizado em praticamente todas as áreas de atuação.
Sabendo que os modelos servem para nos guiar para o futuro e que eles são modelados com dados históricos; como ajustaremos os modelos considerando os impactos que o coronavírus já deixou e vai continuar deixando?
Confesso que eu não havia parado para pensar no assunto. Então recebi um áudio do meu amigo contendo vários questionamentos:
- “E aí Raniere! Os modelos estatísticos vão mudar?”
- “Cara, quais serão os impactos no setor financeiro. Por exemplo: como ficarão as previsões para dívidas? Como será a previsão para concessão de crédito?”
- Com o coronavírus muda tudo. O que esse período vai impactar? Os impactos se estenderão por um longo período.
- O comportamento baseado em todo o histórico que temos vai mudar completamente.
E aí? Você que trabalha com modelagem já arrancou os cabelos e roeu as unhas?
Ajustando modelos na marra
Provavelmente todos os modelos deverão ser “ajustados na marra” e os primeiros meses serão de pura incerteza. Os setores mais afetados são os que mais vão sofrer com eventos incertos.
O setor de aviação é o mais ameaçado. Por conta da disseminação do coronavírus e do lockdown de várias cidades no mundo, como Nova York, voos foram cancelados e suspensos. Aeroportos do mundo todo reduziram em até 70% seus voos diários e outros estão até fechados.
Historicamente, o número de voos realizados globalmente pela indústria aérea aumentou constantemente desde o início dos anos 2000 e a previsão era chegar a 40,3 milhões de voos em 2020, segundo análise da Statista. Esse número representaria mais de 1 milhão acima da previsão do ano anterior e um aumento de 50% em relação à década anterior. E agora? Como ficam as projeções?
Modelos de predição de passageiros voando; modelos de predição de preços de passagens aéreas; modelos de predição de manutenção preventiva de aeronaves. Todos esses modelos ficarão corrompidos e repletos de incertezas. Um mais que os outros.
Por outro lado, como fica o segmento de varejo, um dos mais afetados no mundo? Shoppings fechados, comércio restrito, poucas pessoas nas ruas, restaurantes e bares com restrições ou fechados, supermercados e padarias com limitação de pessoas em seu ambiente interno. Não há modelo que acerte os resultados desses impactos, não é mesmo?
Pode esquecer a projeção de ticket médio em supermercados, lojas de roupas, shoppings. Se a recessão vier mesmo, esses modelos vão levar um tempo para se ajustarem adequadamente.
Agora o que dizer do varejo online? Produtos que não vendiam passaram a vender. A frequência de compras se tornou mais recorrente. Como prever o intervalos entre as compras se o comportamento do cliente mudou com base em um fator que não pode ser controlado?
Como ficam as previsões de crescimento dos países? E as oscilações assustadoras do mercado de capitais?
Conseguiremos prever as taxas de emprego e desemprego diante de medidas que mudam diariamente? Qual o impacto das taxas de poluição nas cidades mais populosas do mundo, onde os resultados já divergem completamente do predito?
Seja como for, muitos modelos precisarão de ajustes de moderados a fortes, com o intuito de diminuir o grau de incerteza, em meios a eventos nunca vistos, que atingem em escala mundial.
Fica aqui o exercício de pensar em como esses acontecimentos apresentarão os novos desafios e como você irá resolvê-los.
Vamos pensar juntos! Forte abraço!