A ciência das previsões não para de crescer, mas esse fascínio por prever o futuro não é algo recente. No passado, os Deuses eram responsáveis por prever o futuro, como Zeus e Afrodite. Já na época dos Vikings, era comum eles consultarem os videntes, como pode ser visto nas séries Vikings e The Last Kingdom.
Os romanos usavam voos e cantos de pássaros. Os chineses quebravam ossos com uma haste de metal e liam os resultados. Os russos do século 19 usavam frangos. Em culturas antigas, que tinham o hábito de praticar sacrifícios, as previsões eram baseadas em gritos, direção do sangue ou até mesmo a posição da pessoa ao cair no chão.
Com as descobertas dos últimos 200 anos, encontramos maneiras mais científicas e eficientes de prever o futuro. Se você estuda ou trabalha com análises preditivas é provável que conheça uma série de técnicas que transformem suas equações na bola de cristal mais poderosa do mundo.
Esse final de semana, assisti pela 3ª vez o documentário Prediction by the Numbers ou “Está tudo nos números” (tradução para o português), que eu recomendo fortemente que você assista, caso ainda não tenha feito. Basta acessar a locadora vermelha, mais conhecida como NETFLIX.
O documentário foi lançado em 2018, dirigido e escrito por Daniel McCabe, tem duração de 52 minutos e é um excelente entretenimento educativo para quem quer entender na prática como funcionam as teorias estatísticas; e descobrir o quão poderosa ela pode ser.
A estatística prevê a probabilidade de futuras ocorrências. Durante o documentário é fácil perceber como a estatística é única. Ela não é uma ciência empírica, mas também não é matemática pura; e não é filosofia. Ela simplesmente é uma linguagem com uma estrutura definida que possui um conjunto de regras pelas quais fazemos ciência.
É impressionante a forma como o documentário relata as previsões do tempo. Como exploram as incertezas e como a coleta de mais dados estão ajudando a melhorar as previsões. O comportamento magistral dos balões lançados duas vezes ao dia em vários pontos estratégicos dos Estados Unidos e outras partes do mundo, que coletam dados a cada 10 metros de altura, como temperatura, pressão, velocidade e direção do vento na atmosfera.
Como se tudo isso não fosse suficiente, são realizadas milhares de simulações de previsão do tempo, apenas alterando as condições iniciais, para que o modelo possa refletir os erros inerentes presentes em medições e possa ser melhorado. Esse processo todo é chamado de “previsão em conjunto” e os resultados são chamados de “gráficos espaguete”. Dá uma olhada na pintura.
Vai compreender como os resultados das eleições estão ficando cada vez menos previsíveis. Quem lembra das eleições de 2016 dos Estados Unidos, quando a vitória da Hillary Clinton em cima do Donald Trump era dada praticamente como certa; e como todos sabemos, não foi bem isso que aconteceu.
Como o Baseball foi um dos esportes precursores ao utilizar estatística para planejar estratégias de jogos, analisando média de rebatidas, home runs, RBIs, ERA, velocidade da bola rebatida, bases conquistadas; e abriu precedentes para que outros esportes seguissem o mesmo caminho (esse é um mercado que vem crescendo muito no Brasil).
As cenas das operações de busca de pessoas perdidas no mar é uma experiência completa de como o Teorema de Bayes é vivo. Ele mostra como podemos melhorar nossas chances acrescentado novas informações.
Além disso, todas as entrevistas são fantásticas e você pode acompanhar explicações de profissionais importantíssimos na aplicação da estatística: Nate Silver, Talithia Williams, Keith Devlin, e Liberty Vittert.
No final das contas, você vai fazer um passeio por descobertas de estatísticas, como o Teorema do Limite Central, a Teoria da Probabilidade Moderna, simulações e pesquisas científicas.
O problema é que a estatística é viciante, e quanto mais você conhece, mais vai querer conhecer.
Minha nota: 8.5 / 10.0