Depois do post de ontem, você provavelmente ficou com uma vontade de “quero saber mais”, certo? Esse sentimento é quase inevitável quando você sabe que algo tem continuação e vai ter que esperar. Ainda bem que essa espera não foi tão longa.
Ah, deixa eu dar um aviso. Caso você se sinta um pouco desconfortável com o texto, quando eu falar de CONE, Brasil Produções, CONRE, eu recomendo que você leia sobre o dia 1, ok? Os dois textos se complementam.
Então vamos para o dia 2 do CONE. Vou sintetizar cada palestra para você e expressar minha percepção sobre os temas que foram muito bacanas.
Dia 2
O segundo dia do CONE aconteceu em 2 de junho. Tivemos uma breve abertura com Rodrigo Salgueiro, Diretor da Brasil Produções falando da importância do evento e das próximas edições (2018: São Paulo; 2019: Salvador). Na sequência, Rodrigo chamou o mediador para abertura do painel 3.
Painel 3: Estatística e Mercado: Rumos e Perspectivas
Esse painel foi composto por 3 temas, 3 palestrantes e 1 mediador. Cada palestrante desenvolveu um tema condizente com a proposta do painel e na sequência houve um debate muito enriquecedor. Economia, pós-graduação em estatística e novo marketing foram os pontos chaves do painel.
Esse tema foi apresentado por Roberto do Nascimento Rodrigues, Presidente da Fundação João Pinheiro. Entusiasta da economia solidária, Roberto discursou sobre a evolução do conhecimento estatístico, da economia social e solidária. Contextualizou o atual momento da economia solidária no Brasil e falou sobre a importância da mensuração e geração de estatísticas para o país avançar.
Confesso que esse assunto foi novo para mim. Eu nunca havia tido contato com economia solidária. No entanto, eu aprendi que estatísticas na economia solidária são importantes para melhorar a vida na sociedade. Com as estatísticas, podemos por exemplo, fazer comparações regionais e analisar se a economia de uma determinada região está ou não melhorando.
Esse tema foi apresentado por Gerson Rodrigues Santos, Coordenador da pós-graduação da Universidade Federal de Viçosa. Apaixonado por educação, Gerson apresentou a evolução das notas dos Programas de Estatística no Brasil e um panorama das bolsas de estudos. Comentou sobre a área de Agrárias I da Federal de Viçosa e mostrou os resultados, como uma das subáreas mais produtivas, segundo indicadores do Capes.
No final, Gerson traçou o perfil estudantil dos pós-graduandos e duas profissões me chamaram a atenção: Biologia e Enfermagem. Acredito que a utilização da estatística nessas duas áreas tem aumentado muito nos últimos anos.
Esse tema foi apresentado por Fernanda Cardoso Rosa Gonçalves, Consultora Especialista em Banco de Dados – SEBRAE/SP. Apaixonada pela estatística, Fernanda falou sobre as revoluções industrias e a forma como consumimos conteúdo na internet. Apresentou conceitos muito interessantes de como as empresas estão se beneficiando das nossas informações para criar o marketing personalizado. Conceituou a estatística 4.0 como: “É a capacidade de adequação das diversas técnicas estatísticas aliadas às mais inusitadas situações que surgem diariamente no cotidiano”.
Particularmente, eu me apaixonei pela palestra da Fernanda. Embora eu já soubesse da importância da estatística no marketing, meu leque de oportunidades de aplicação ficou ainda maior depois de ouvi-la.
Afinal de contas, qual empresa não gostaria de saber quais os desejos dos seus clientes? Qual empresa não gostaria de “encantar seus clientes”? Às vezes, entregamos produtos e serviços que os clientes não querem, simplesmente porque não os ouvimos. Acredito que está na hora das empresas aplicarem estatística e repesarem seu modelo de marketing.
Painel 4: DATABASE POOLING: As diferentes interações com a Estatística
Esse painel foi composto por 3 temas, 3 palestrantes e 1 mediador. Os palestrantes desenvolveram temas muito interessante e que dizem respeito a analisar uma grande quantidade de dados. Eu participei desse painel como palestrante e membro integrante da mesa de debate.
Esse tema foi apresentado por , Head Analytics do SAS. Apaixonada por estatística, tecnologia e por ensinar, Adriana apresentou a nova plataforma aberta de análise de dados do SAS, conhecida por SAS Viya. O Viya é um ambiente único, preparado para a nuvem, que atende a todos – desde cientistas de dados, estatísticos e até analistas de negócios – com o gerenciamento confiável, escalável e seguro da análise de dados e a governança essencial para a agilidade da TI.
Uma das características mais interessantes do Viya é a possibilidade de entender qualquer linguagem de programação. Achei isso fantástico! Outro ponto que me impressionou nessa palestra, foi presenciar a simplicidade da Adriana ao explicar conceitos como Hadoop e Machine Learning. Sensacional!
Tema 2: “Database Pooling na Precificação do Seguro Saúde”
Esse tema foi apresentado por mim, , Conselheiro do CONRE-4 e autor deste blog. Eu explorei o aumento com gastos na área da saúde no Brasil e no mundo. Apresentei o impacto na saúde da inclusão de novas tecnologias, como: robótica, biotecnologia e inteligência artificial.
Com a premissa de que as pessoas viverão mais, “a saúde custará mais caro”. A partir desse cenário, um dos grandes desafios é precificar o seguro saúde adequadamente. Nesse ponto, implementa-se o conceito de database pooling: a junção de diferentes fontes de dados para atingir um objetivo comum. Trabalhar com uma grande variedade de dados georreferenciados pode proporcionar preços mais adequados para determinadas regiões.
Com a junção de um massivo conjunto de dados, as análises tendem a ser mais precisas. Isso acontece principalmente quando não possuímos um banco de dados com tudo que precisamos.
Esse tema foi apresentado por Marcos Oliveira Prates, Coordenador do Curso de Pós-Graduação da UFMG. Marcos falou sobre o projeto InfoSAS desenvolvido em parceria com o Ministério da Saúde. O objetivo do projeto é utilizar técnicas estatísticas de mineração de dados para a detecção automática de anomalias nas séries históricas de produção na área da saúde.
Os resultados apresentados foram impressionantes. O InfoSAS criou um dashboard de escores de quantidades e valores para cada estabelecimento na área de saúde, identificando anomalias nos atendimentos. Um resultado interessante foi o ajuste da população SUS de referência considerando as taxas de cobertura de planos de saúde por município.
Conclusões
Encerro a cobertura do evento do CONE com muitos aprendizados, um rico networking e com a certeza de que nos encontraremos nas próximas edições. Segue as conclusões e percepções sobre tudo que vi no segundo dia:
- “O Estatístico precisa saber se comunicar, pois trabalha com situações de incerteza, tomando decisões”.
- O Estatístico precisa aproveitar seu conhecimento e trabalhar com grandes bases de dados.
- Estatísticas solidárias podem ajudar a melhorar a vida da sociedade.
- O Estatístico tem o “dom” de transformar dados em conhecimento. Aproveite esse dom.
- Use e abuse das análises exploratórias de dados.
- Em um projeto que precisa de análise estatística, siga uma ordem de análise: análise descritiva, análise de diagnóstico, análise preditiva e análise prescritiva.
- Big Data + Feeling = Better Data.
- O Estatístico precisa aprender novas tecnologias: Hadoop, Azure, SAS Viya, Linguagem Python.
- O mundo está cada vez mais analítico.
Que venha 2018 com muitas surpresas! Sem dúvida estaremos por lá.
Um abraço e até o próximo texto!
Material usado
Imagem do acervo pessoal: Foto do evento
Fotos dos palestrantes do CONE: https://www.cone2017.com.br/fotos