Meu Interesse por Epidemiologia

Toda equipe que trabalha com análise de dados em saúde deveria ter um Epidemiologista.

Há 10 anos trabalho com Estatística e análise de dados em saúde, em equipes multidisciplinares. Tive o privilégio de trabalhar com médicos, bioquímicos, biomédicos, enfermeiras, estatísticos, atuários, economistas e assistentes sociais. Sem dúvidas, eu aprendi muito com todos eles.

Até então, eu não havia trabalhado com médicos epidemiologistas e infectologistas; e que de quebra, soubessem tanto de estatística. Confesso que o conhecimento deles é de “cair o queixo”, como diria a vó de um amigo; e deixa uma parte dos estatísticos no “chinelo”, quando o assunto é analisar dados de causa e efeito na saúde.

Mas você sabe o que é Epidemiologia e o que um pode fazer para melhorar os serviços de saúde?

Não sabe? Sem problemas! Eu também entrei nesse mundo há pouco tempo. Então, segue no texto, que eu explico.

O que é Epidemiologia?

Epidemiologia é um ramo da medicina que utiliza a estatística como ferramenta, para estudar os diferentes fatores que intervêm na propagação e no comportamento de doenças. Avalia a frequência, a distribuição geográfica, a evolução, os problemas e os meios de prevenção das doenças.

É um ramo da saúde conhecido por identificar os riscos, reconhecer padrões de comportamento, analisar causas e efeitos na saúde. Entre os exemplos mais comuns estão a relação do cigarro com o câncer de pulmão e a prevalência de diabetes em pessoas que consomem doces com mais frequência.

A pesquisa epidemiológica ganhou grande importância nas últimas décadas. Isso se deve a grandes mudanças nos sistemas de saúde pública e empresas de negócios em saúde; onde a ênfase é cada vez mais colocada na prática baseada em evidências (medicina baseada em evidências) e no custo benefício.

Além disso, houve desenvolvimentos globais, como o rápido crescimento populacional e urbanização, a globalização da indústria agrícola e o aumento da mobilidade. Estes fatores aumentaram os riscos de doenças infecciosas e criaram oportunidades para o surgimento de novas doenças, como a Chikungunya, que surgiu há pouco mais de 60 anos, no continente africano.

A Epidemiologia tem atuado cada vez mais no estudo da incidência de doenças crônicas. Com o aumento da expectativa de vida da população mundial, as pessoas estão desenvolvendo problemas de saúde, como hipertensão arterial, diabetes e doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC).

O que um Epidemiologista pode fazer?

Na perspectiva da saúde coletiva, um Epidemiologista tem grandes desafios, como o estudo das desigualdades em saúde; desenvolvimento do pensamento sobre condições do ambiente, qualidade de vida, conceitos e medidas de saúde; pesquisas sobre métodos de avaliação, seleção de tecnologias e intervenções em saúde.

No âmbito de planejamento e gestão de negócios em saúde, a ideia é outra. O profissional propõe diagnósticos administrativos, estratégicos e ideológicos, que permitam sanar problemas ou melhorar os serviços de saúde associado às pessoas. Um bom exemplo dessa atuação, pode ser o estudo da realização de ressonâncias magnéticas em determinada região ao longo do tempo e a proposta de ampliação de rede de atendimento para suprir a necessidade.

Independente da esfera e ambiente de trabalho de um Epidemiologista, ressaltamos algumas funções importantes:

  • Avaliar mudanças na saúde ao longo do tempo;
  • Fazer comparações entre métodos e tecnologias;
  • Entender as causas e os efeitos das doenças;
  • Identificar tendências de doenças e comportamento de incidências;
  • Investigar, interpretar e analisar informações do perfil de saúde das mais variadas populações;
  • Analisar e gerir surtos, como a febre amarela, meningite, sarampo e cólera;
  • Realizar pesquisas e análise de dados que melhorem a tomada de decisão com referência em medicina baseada em evidências.

Percebeu o quanto de estatística tem em cada uma das funções de um Epidemiologista? Pode acreditar, eles usam muito.

Meu interesse por Epidemiologia

Tenho a honra de ter um médico epidemiologista na minha equipe. Discutimos diariamente sobre os estudos que fazemos na área e o quanto os resultados podem nos ajudar a melhorar a vida das pessoas e os negócios da empresa.

Confesso que fiquei tão fascinado da maneira como a estatística é aplicada nessa área, que resolvi me aprofundar no assunto. Todo trabalho que o epidemiologista desenvolve, eu participo. Frequentemente leio “papers” sobre o assunto e pretendo comprar alguns livros da área; que não são nada baratos, mas valem o investimento.

Para completar, me inscrevi como co-autor junto com meu colega de trabalho, no 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva. Se tudo der certo, em julho vamos ao Rio de Janeiro falar sobre a “Utilização de Exames de Apoio Diagnóstico no Sistema Privado de Atenção à Saúde”. 

No final, meu objetivo era falar um pouco sobre a profissão de Epidemiologista e chamar a sua atenção para oportunidades de trabalho na área da saúde, que ainda são pouco exploradas por estatísticos e profissionais de análise de dados.

Fica de olho que em uma próxima oportunidade, vou recomendar livros de epidemiologia para quem quer começar e para quem já é expert no assunto.

Até breve e vejo você no próximo texto!

Fontes

 “12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva”, Fortalecer o SUS, os direitos e a democracia. Rio de Janeiro / RJ – 26 a 29 de julho de 2018.

“Current World Population”, Worldometers. 

Amplie seu conhecimento

“Epidemiologia: A Ciência Básica da Saúde Pública”, North Carolina Institute for Public Health, Coursera.

, FIU Robert Stempel College of Public Health & Social Work, 15 de maio de 2013.

Material usado

Imagem do texto: http://gehosp.com.br/2016/11/01/tecnologiasaude/